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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Gravidez Psicológica

O que é?


Em linhas gerais, a gravidez psicológica é uma fantasia delirante. "A mulher acredita que está grávida e a ‘prova de realidade’ (a confirmação médica de que não existe bebê algum) não tem nenhum valor para ela", diz a psicanalista Eliane Pessoa de Farias, coordenadora da Clínica Pais-bebê, da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro. "Mas quero lembrar que esta gravidez não é uma mentira para ela, ou seja, ela pensa de verdade que está esperando um bebê e o seu corpo confirma", acrescenta.

A resposta do corpo
Por mais incrível que pareça, a mulher que vive uma gravidez imaginária pode sentir na pele o mesmo que sentem as futuras mães de verdade. "A mente é muito forte. A gravidez psicológica tem origem mental, mas o corpo responde", diz a psicanalista. Como? "Muitas sentem enjôo, têm desejos, apresentam crescimento do abdômen e dos seios, e, em alguns casos raros, é possível até produzirem leite", afirma a ginecologista e obstetra Rosele Jobst, do Hospital Universitário Antônio Pedro, em Niterói, e da Secretaria Municipal de Saúde do Rio. O aumento da barriga, neste caso, fica por conta da comilança. "Como elas acham que estão grávidas, pensam que deve comer por dois. O que acontece é o acúmulo de gordura no abdômen e nos seios. Além disso, muitas confundem os gases e movimentos naturais do intestino com o bebê se mexendo no útero”, acrescenta a médica.

O que causa a gravidez psicológica?


Algumas mulheres têm um desejo ou um medo tão grande de engravidar que, com um pequeno atraso do ciclo menstrual, já acham que estão grávidas. Esse fator emocional pode fazer a hipófise produzir o hormônio prolactina, que inibe a menstruação e aumenta o tamanho das mamas. Há também um acúmulo de gases, causando a distenção do intestino e o crescimento da barriga. Os movimentos naturais de digestão são confundidos com chutes do bebê. O engano pode ser percebido com um exame de ultra-som.

Por que isso acontece?


De acordo com a psicanalista Eliane Farias, dificilmente a gravidez psicológica acontece por uma única razão. “Cada pessoa reage aos problemas de uma maneira particular e qualquer transtorno psicológico tem diversas causas”, diz. Baixa auto-estima, sentimentos de rivalidade intensa, insegurança, baixa capacidade de lidar com as frustrações, além de um forte desejo de ter um filho são algumas delas. Muitas mulheres ainda se sentem pressionadas pelo marido e pela família e a ter um filho podem acabar gerando um bebê de mentira. "Também há situações em que a mulher quer garantir a estabilidade do relacionamento e pensa que um filho é a solução, como no caso da Simone", acrescenta Rosele Jobst.
Na linha de frente
Quem são as mulheres mais propensas a desenvolver uma gravidez psicológica? Apesar de o problema também surgir em mulheres jovens, como na novela, a obstetra afirma que é mais comum isso acontecer com pessoas mais velhas, próximas à menopausa, inférteis e com distúrbios hormonais que interferem na menstruação. 

Até quando vai a farsa?

Tanto a obstetra quanto a psicanalista afirmam que é possível a mulher acreditar na mentira de que vai ser mãe até chegar a hora do “parto”. "Há seis meses, uma moça de 22 anos chegou ao hospital onde trabalho, como a barriga enorme, dizendo que estava em trabalho de parto”, conta Rosele Jobst. “Mas o simples exame ginecológico revelou a falsa gravidez. Ela chegou a apresentar um cartão de pré-natal falsificado, com datas de consulta e informações sobre o feto. Estava até com o enxoval comprado”, lembra a médica. Mas geralmente, logo nas primeiras consultas e diante do resultado de exames, qualquer médico minimamente competente descobre que sua paciente não está grávida. "Neste caso, a mulher procura outro médico, que irá lhe falar o mesmo. Mas como ela não acredita no que ouve, procura uma série de profissionais até se dar conta da verdade”, afirma a ginecologista. 

A hora da verdade! 

Mas como se sentem as mulheres que, de repente, descobrem que o bebê que tanto esperavam não existe? "São variáveis as reações. Algumas mulheres até sentem alívio quando descobrem que não estão grávidas, mas em geral a reação é de susto e de decepção", afirma Rosele Jobst. 

Carinho e terapia.

A ginecologista Rosele Jobst e a psicanalista Eliane Farias afirmam que é a psicoterapia o tratamento possível para curar a “falsa gravidez”. “Em geral, essas mulheres não procuram ajuda psicológica, pois se procurarem o terapeuta estarão admitindo que não tem o bebê”, afirma. "Por isso, é essencial o apoio da família, antes e após a aceitação do fato. E, tão importante quanto aceitar a realidade de que não está grávida, é ter certeza de que ela não precisa de um filho para se sentir amada".

Um comentário:

  1. muito interessante essa matéria... é sempre bom estarmos informados sobre assuntos como esse.
    adorei.

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