Páginas

Páginas

Páginas

quarta-feira, 7 de março de 2012

Uma noite



Não sei como estava o tempo, era uma noite como qualquer outra, e estávamos 

novamente nos despedindo no portão. Não estávamos nem com pressa, ele me 

abraçou demoradamente e cheirou meus cabelos, levantou meu rosto com as mãos 

e beijos meu lábios. Não consegui evitar um sorriso. Eu realmente não queria deixar 

que ele fosse embora. 
- Você prometeu que ia dançar comigo de novo - Disse eu fazendo manha para que 

ele ficasse.
- Ah mas nós não temos música! - Rebateu ele com seu sorriso de menino. - Ou 

talvez agente tenha…
Então pegou os fones de ouvido e os dividiu comigo, ficou eternamente procurando 

uma música enquanto o irritante tu tu tu das teclas do celular soavam 

insistentemente.
Eu simplesmente o abraçava e o apertava para mais junto de mim, talvez até 

estivesse frio, mas eu não sentia nada além de seus braços. De vez enquanto o tu tu 

tu cessava e eu pensava que a música começaria enfim, mas de novo o barulhinho 

das teclas anunciavam que a procura ainda não havia terminado. 
- Ah eu não tenho nenhuma música que dê para dançar aqui, quando eu achar sua 

mãe vai mandar você entrar - Reclamava ele meio risonho meio aliviado. 
- Então é você que não quer achar… - Dizia eu com voz mimada fazendo bico.
Depois de intermináveis tu tu tu uma música começou tocar, meio brega admito, a 

letra era até bonita e eu gostava bastante. E nós, ah nós continuávamos 

desajeitados como da primeira vez. 
- Mexe o pé - Eu disse entre risos, aquilo era tão bom e tão engraçado, sei lá, talvez 

fosse eu que estivesse feliz demais.
- Não tá bom assim, ninguém pisa no pé de ninguém - riu-se ele
 Mantínhamos  nosso ritmo desajeitado de balançar sob a música. 
- As pessoas vão achar que somos loucos - ele comentou enquanto me abraçava 

mais forte.
Era estranho, logo eu que sempre tenho milhões de pensamentos a desfilar e me 

levar para outros ventos, estava ali sem em nada pensar. Apenas sentindo a camisa 

macia dele no meu rosto, minha cabeça encostada em seu peito. Eu tinha plena 

consciência de suas mãos em minha cintura, mas não tenho certeza se saberia dizer 

qual era o meu nome.
Enfim minha mãe apareceu na porta mandando-me entrar, nos separamos do abraço 

ainda mantendo as mãos entrelaçadas. Desvencilhamos nossas mãos com uma 

certa relutância.
Entrei para casa regada das broncas de minha mãe, mas estava tão feliz que nem 

isso me importava.


Por Osmaiane

Nenhum comentário:

Postar um comentário