Não sei como estava o tempo, era uma noite como qualquer outra, e estávamos novamente nos despedindo no portão. Não estávamos nem com pressa, ele me abraçou demoradamente e cheirou meus cabelos, levantou meu rosto com as mãos e beijos meu lábios. Não consegui evitar um sorriso. Eu realmente não queria deixar que ele fosse embora.
- Você prometeu que ia dançar comigo de novo - Disse eu fazendo manha para que ele ficasse.
- Ah mas nós não temos música! - Rebateu ele com seu sorriso de menino. - Ou talvez agente tenha…
Então pegou os fones de ouvido e os dividiu comigo, ficou eternamente procurando uma música enquanto o irritante tu tu tu das teclas do celular soavam insistentemente.
Eu simplesmente o abraçava e o apertava para mais junto de mim, talvez até estivesse frio, mas eu não sentia nada além de seus braços. De vez enquanto o tu tu tu cessava e eu pensava que a música começaria enfim, mas de novo o barulhinho das teclas anunciavam que a procura ainda não havia terminado.
- Ah eu não tenho nenhuma música que dê para dançar aqui, quando eu achar sua mãe vai mandar você entrar - Reclamava ele meio risonho meio aliviado.
- Então é você que não quer achar… - Dizia eu com voz mimada fazendo bico.
Depois de intermináveis tu tu tu uma música começou tocar, meio brega admito, a letra era até bonita e eu gostava bastante. E nós, ah nós continuávamos desajeitados como da primeira vez.
- Mexe o pé - Eu disse entre risos, aquilo era tão bom e tão engraçado, sei lá, talvez fosse eu que estivesse feliz demais.
- Não tá bom assim, ninguém pisa no pé de ninguém - riu-se ele
“É como da primeira vez, pisamos mais nos pés do que dançamos” pensei enquanto mantínhamos nosso ritmo desajeitado de balançar sob a música.
- As pessoas vão achar que somos loucos - ele comentou enquanto me abraçava mais forte.
Era estranho, logo eu que sempre tenho milhões de pensamentos a desfilar e me levar para outros ventos, estava ali sem em nada pensar. Apenas sentindo a camisa macia dele no meu rosto, minha cabeça encostada em seu peito. Eu tinha plena consciência de suas mãos em minha cintura, mas não tenho certeza se saberia dizer qual era o meu nome.
Enfim minha mãe apareceu na porta mandando-me entrar, nos separamos do abraço ainda mantendo as mãos entrelaçadas. Desvencilhamos nossas mãos com uma certa relutância, nos meus olhos o pedido “fique só mais um pouco”, nos dele a promessa de novo reencontro.
Entrei para casa regada das broncas de minha mãe, mas estava tão feliz que nem isso me importava.
Por Osmaiane
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